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A contribuição das startups para a Sustentabilidade

Os desafios socioambientais se tornam cada vez maiores e mais urgentes demandando soluções rápidas e inovadoras, no entanto, os modelos de negócios tradicionais não tem sido capazes de atender a esta demanda na velocidade necessária. Neste cenário, surgem as startups, que além de estarem redefinindo a forma de fazer negócios, têm se mostrado uma importante ferramenta no desenvolvimento de soluções para problemas socioambientais complexos da atualidade.

Mas o que são startups exatamente?

Hoje existem muitas discussões sobre este conceito, em comum elas apontam tratar-se de um grupo de pessoas que se reúne em busca de um novo modelo de negócios, repetível e escalável que soluciona um problema ou dificuldade enfrentada por seu público-alvo. Trocando em miúdos, buscam negócios inovadores em que seja possível replicar ou reproduzir a solução oferecida de forma relativamente simples disponibilizando-a para um grande número de pessoas em pouco tempo e a custos relativamente baixos.

E o que isso tem a ver a agenda de sustentabilidade? Na tese defendida pelos economistas Michael Porter e Mark Kramer, considerando o cenário de mudanças e desafios que vivemos hoje, as empresas deveriam atuar seguindo o princípio do valor compartilhado, que envolve a geração de valor econômico de forma a criar também valor para a sociedade por meio do enfrentamento de suas necessidades e desafios. Trata-se assim de trazer a perspectiva social para a estratégia central do negócio.

Neste sentido, as startups têm largado na frente no atendimento a estes desafios e na geração de valor para a sociedade por, entre outros temas, buscarem soluções para problemas atuais tais como os de mobilidade, conectividade, saúde e bem-estar, ascensão social, inclusão tecnológica, educação e escassez de recursos. Além disso, estas organizações possuem maior liberdade de atuação, já que operando em um novo modelo de negócios não têm um market share para defender, nem precisam se preocupar com ativos, processos ou regulações pré-existentes como as organizações tradicionais. Como resultado positivo, esta liberdade de criação potencializa a criatividade e possibilita o desenvolvimento de caminhos nunca antes trilhados, potencializando soluções inclusive na área socioambiental.

Ademais, devido a sua característica essencial de promover soluções que atinjam um grande número de pessoas a baixo custo, elas tem contribuído enormemente para lidar com esta agenda de forma rápida e escalável, elementos essenciais para atacar grande parte das problemas socioambientais que atingem bilhões ao redor do mundo, sendo a maioria de baixa renda.

Finalmente, startups fazem do clichê “transformar desafios em oportunidades” uma realidade. Assim, problemas ambientais e sociais importantes que aguardam há anos vontade política para serem solucionados, nas mãos das startups se transformam em alavancas de negócios garantindo a solução que a sociedade necessita, além da sustentabilidade financeira destas organizações.

Exemplos desta atuação felizmente são muitos. Entre as startups brasileiras que criaram soluções inovadoras para algumas destas questões, temos o grupo 99, desenvolvedor do aplicativo 99 Táxis, que trabalha com a mobilidade urbana e tem como missão causar mudanças que impactem positivamente a população tornando o transporte mais barato, rápido e seguro usando a tecnologia.

Na área de gestão de resíduos, a Boomera atua com os conceitos de economia circular e engenharia reversa transformando resíduos em matérias-primas de novos processos produtivos. Para citar apenas uma entre várias outras iniciativas interessantes é deles o projeto inédito de reciclagem de fraldas pós-consumo. Isso mesmo, pós-consumo. Na mesma linha atua a Okena, mas com foco nos complexos efluentes industriais.

Já varejistas como a Shooper e a Home Refill oferecem a automatização do processo de compras de itens de supermercado com o objetivo de promover a eficiência e combater o desperdício. Com um estoque muito baixo, a previsibilidade das compras dos seus clientes e a otimização das rotas de entregas, conseguem reduzir os custos e o desperdício de tempo, combustível e em gastos por impulso, gerando maior valor para a empresa e para os seus clientes.

Por fim, a So+ma oferece um programa de fidelidade que utiliza os resíduos recicláveis como moeda de troca. O processo estimula o desenvolvimento de novos hábitos que promovem a reciclagem, a geração de renda e o empreendedorismo nas comunidades de periferia, além de oferecer novas oportunidades de negócios, produtos e serviços tanto para as comunidades mais vulneráveis da base da pirâmide, como para empresas públicas e privadas.

Como pode-se ver, por serem um espaço de liberdade criativa, agilidade e rapidez e por trabalharem com foco nas dificuldades enfrentadas pela sociedade com baixo custo e escalabilidade, as startups são um terreno fértil para o desenvolvimento de ideias disruptivas que tratem questões tão urgentes da maneira necessária, ou seja, com a abrangência, a inovação e a velocidade necessárias para garantir a qualidade de vida para a presente e para as futuras gerações.

Juliana Zellauy Feres


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