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Agenda 2030 - Precisamos fazer melhor do que isso


Em setembro de 2015, líderes mundiais reuniram-se na sede da ONU, em Nova York, para definir uma agenda com vistas a erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Nasce então a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, assinada por 192 países que contempla 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), incluindo temas como economia, educação, igualdade de gênero, meio ambiente e saúde.

E como anda a atuação brasileira para atendê-la?

De acordo com o Relatório Luz 2018, lançado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030, “o caminho trilhado nos últimos três anos pelo Brasil é incoerente” com o documento.

Elaborado a partir de dados oficiais disponíveis, o documento apresenta o status brasileiro de 121 das 169 metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e os dados são alarmantes. Investimentos em programas e políticas públicas para a sociedade e para o meio ambiente, quando não foram zerados, foram simplesmente reduzidos. Entre eles, Programa de Saúde na Escola (PSE), programa de suplementação de vitamina A e Ferro, políticas de saneamento básico e gastos com obras de prevenção de desastres naturais.

O endividamento público, a taxa de desocupação, a fome, a pobreza e a desigualdade social pioraram. Na área da saúde, tivemos o maior surto de febre amarela da série histórica, bem como aumento da incidência de dengue, zica e chikungunya e de doenças do aparelho respiratório. Quanto à economia, reduzimos nosso PIB per capita, a média salarial e o repasse de recursos para organizações sem fins lucrativos.

Ou seja, em poucas palavras, estamos indo na contramão do que prega a Agenda 2030 e os seus ODS.

Mas não adianta colocar a culpa no governo, na sociedade civil, nas empresas, nas ONGs. Na realidade, a culpa é de todos nós. Justamente por não atuarmos em conjunto, ignorando as potencialidades de uns e dos outros é que não conseguimos avançar. O que, aliás, é justamente o que prega o ODS 17 que visa fortalecer os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável.

Adicionalmente, as empresas e as entidades de forma geral têm apresentando uma péssima tendência de tomar para si apenas os ODS no qual já atuam e, mesmo nestes casos, em grande parte das vezes sem estabelecer metas e planos de ação próprios que contribuam para a melhoria efetiva do tema. Se o seu negócio é Saneamento, por exemplo, é claro que você de alguma forma contribui para o ODS Gestão Sustentável da Água e Saneamento. Mas o que a sua empresa faz efetivamente para o alcance dos objetivos da Agenda 2030? Sua empresa contribui para a igualdade e equidade de gênero, ou ano a ano os índices salariais e de representatividade de gênero permanecem estagnados? Os salários dos seus funcionários são justos, ou contribui para manter a desigualdade social? Ela realiza ações de combate ou redução das mudanças climáticas?

O ponto aqui é que os ODS não são “rótulos”. Não são adesivos que você gruda no peito apenas para identificar a qual tema a sua atuação está relacionada. Eles são objetivos definidos para termos resultados melhores do que já temos hoje. Como se vê, em todas as esferas, infelizmente, não é o que tem acontecido.

Mas podemos sim mudar este cenário. Para isso precisamos ser mais efetivos nas nossas ações, definir metas e planos, acompanhar os resultados, perseguir objetivos mais agressivos. E, acima de tudo, fazermos isso juntos. Com esta visão do todo, percebendo as inter-dependências e agindo em prol do coletivo, alcançaremos os resultados tão almejados que, só em cooperação, iremos conquistar.

Vamos nessa?

Juliana Zellauy Feres em parceria com Ricardo F. Oliani


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